Bruno
Azevedo enquanto atleta ganhou a
Taça e Supertaça de Portugal, iniciando-se como treinador na época de
2006/2007. É licenciado em Educação Física e atualmente treinador da equipa,
sendo esta a sua sexta época no futsal feminino, primeira ao serviço da ARJ
Mogege.
Depois de
treinar a ADERMogege, a ADC Gualtar e o SC Maria da Fonte, surge agora como
treinador da equipa da ARJM. Como surgiu este novo projeto?
Surgiu pelo simples
facto das anteriores equipas, de uma forma ou de outra, não proporcionarem as
melhores condições às atletas. Para mim ter boas condições é de
extrema importância para um bom desempenho desportivo.
Este é um projeto com
boas estruturas e com um pensamento muito positivo para o desenvolvimento da
modalidade. Queremos ser uma das referências no panorama nacional, apesar
de saber que, para isso ser viável, dependemos muito dos nossos parceiros, em
quem temos plena confiança.
Algumas
das atletas transitaram de equipas anteriores lideradas por si… a essas
acrescentou outras atletas. Esta é a equipa que desejou?
Sim, uma grande parte
das atletas já me acompanham há algum tempo, o que para mim é motivo de grande
satisfação, porque é sinónimo de gosto no meu trabalho. Sinto um enorme prazer
em poder transmitir-lhes tudo o que sei, assim como orientar a sua formação
enquanto pessoas. São atletas com enorme potencial, onde junto a isso o facto
de serem grandes amigas, capazes de criarem um ambiente fantástico
que, para além das condições de trabalho como referi acima, é também um factor
preponderante para o sucesso.
A este grupo de
atletas que me acompanhou, juntei atletas com condições para abraçar este
projeto e sobre as quais eu tinha já um profundo conhecimento do seu
valor, algumas já tinha convidado noutras épocas. Felizmente este ano
consegui juntar este lote de atletas que me dão grandes garantias. Gosto de
atletas que se sinta felizes por estarem no nosso grupo e não só nos momentos
de glória.
Todos os treinadores
desejam ter as melhores e neste momento tenho as melhores, o que não quer dizer
que futuramente não possa ter mais. Apenas quero ainda salientar
que, para mim, as melhores são aquelas atletas que olham para todas as
colegas de igual forma, que puxam todas para o mesmo lado, que são amigas, que
são generosas, que se preocupam com o estado da colega de equipa, que se
prontificam para ajudar, isto sim, é serem as melhores.
Enquanto
líder da equipa, como sente a equipa e as atletas em relação a este projeto?
Ora esta é uma
pergunta a qual não posso precisar, mas julgo que a ideia que têm é muito boa,
apesar de este ser o ano de início da modalidade, o que faz com que as despesas
sejam mais elevadas. De qualquer forma temos trabalhado para que se sintam bem,
com tudo o que necessitam e sempre pensando em melhorar e inovar.
A uma
semana de iniciar a fase final do campeonato, com o apuramento do campeão, até
onde pode chegar a equipa?
Esta equipa está
preparada para ganhar seja a que equipa for. Sabemos das nossas
qualidades e pontos a melhorar, por isso iremos trabalhar, humildemente,
em busca do objetivo, que é serem campeãs distritais. Sabemos que temos, no
nosso distrito, o campeão nacional, mas isso não altera em nada o nosso
objetivo. Apenas realço o facto do distrito de Braga ter duas equipas a lutarem
por um lugar de acesso à Taça Nacional, em que ambas têm capacidades
para serem campeãs nacionais.
Isso quer
dizer que é um treinador contente com a prestação da equipa?
Sim, claro. De
qualquer forma todo o nosso bom desempenho distrital pode não se dar a conhecer
fora do distrito, por isso e dado que queremos conhecer outras realidades e
dar-nos a conhecer e isso só acontecerá se vencermos o campeonato
distrital, queremos muito terminar em primeiro lugar.
As suas
atletas caracterizam-no como sendo um treinador bastante rigoroso e
disciplinador. Quer comentar?
Se me caracterizam
dessa forma é porque se calhar têm razão… Será que um treinador que não
seja rigoroso e disciplinador terá boa performance desportiva na sua equipa?
Não me parece. Depois as atletas também têm que ser rigorosas e saberem
lidar com pressão, o que acaba por fazer com que a exigência seja
também uma componente pedagógica para as mesmas.
Esta é
uma associação com quase 20 anos e que após 6 anos de inatividade se inicia no
futsal feminino. Tem um projeto que assenta também na formação, o futuro da
associação passa por aí?
Como disse acima,
esta associação quer ser uma das referências no panorama nacional de futsal
feminino e só o será com uma boa estrutura e uma aposta naquilo que é crucial,
a formação. Queremos muito ter formação e que haja competição noutros escalões
femininos. Temos informações dessa possibilidade e espero que seja mesmo
possível. Esta situação atual no distrito de Braga não acompanha a evolução da
modalidade. O que desejo e peço aos responsáveis com poder de decisão é
que sinceramente criem condições já na próxima época, para bem da
modalidade. É necessário perceber
que, com a atual situação económica do país, o futsal pode estagnar se a aposta
não recair sobre jogadoras vindas da formação. Poderá ser incomportável para as
jogadoras ou associações as despesas correspondentes a deslocações. Há
distritos que percebem essa situação e já trabalham nesse sentido e espero que
Braga não fique para trás.
Relativamente
à criação de um campeonato nacional, qual é a sua opinião?
Muito se tem falado
sobre este tema e muito sinceramente não podemos dar um passo tão grande de uma
vez, porque isso sim contribuiria para a extinção de grande parte das
associações e, se calhar, algumas com boa performance desportiva neste momento.
Tenho uma opinião, que no meu entender seria a mais indicada, que seria a
formação de 2/3 zonas a nível nacional. Tenho acompanhado atentamente todo
o desenvolvimento dos (possíveis) novos moldes da competição e agrada-me profundamente.
Agrada-me profundamente porque a competição seria de outra qualidade, onde
haveria mais justiça no campeão nacional, onde as equipas teriam objetivos que
atualmente não têm. Esperemos para ver o desfecho.
Certamente
acompanhou a prestação da Seleção Nacional no Torneio Mundial. Como viu a
prestação lusa diante de algumas seleções que possuem campeonatos nacionais
estruturados e cimentados?
Acho que a minha
opinião é generalizada. Portugal teve uma boa prestação, deixando no ar a ideia
que pode fazer mais. Não tenho dúvidas que, melhorando os moldes da competição,
o que obrigará a um maior aperfeiçoamento das equipas, Portugal lutará, com
mais argumentos, pelo 1.º lugar num Torneio Mundial. Foi muito bom ver todo o
entusiasmo em torno da seleção, o que deu para perceber a dimensão atual da
modalidade, na vertente feminina.
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