O magiadofutsal foi de encontro a Nádia Almeida, craque de futsal ao serviço do ARJ Mogege da AF Braga. Fique com as suas palavras.
Nádia Almeida
Preferências da Atleta
Bebida favorita: Sumo de laranja natural
Comida predileta: Arroz de frango
Sobremesa preferida: Melão com queijo
Uma música: Crestfallen
Um filme: Os Condenados de Shawshank
Um defeito: Teimosa
Uma qualidade: Divertida
Filosofia de vida: Ir vivendo
Jogador (a) de referência: Pedro Costa
Desporto de eleição: Futebol
Como
surgiu a “paixão” pelo Futebol/Futsal?
Começou muito cedo e em parte deve-se ao facto
de ter muitos amigos rapazes desde miúda e como eles jogavam, eu também acabei
por me juntar. O facto de a minha mãe também ter sido jogadora facilitou muito a
minha empatia pelo desporto, e a verdade é que desde então sou fanática por
ele.
Qual
o teu percurso desportivo como atleta?
Como atleta federada começou tarde, só comecei a
jogar com 16 anos a nível federado. Antes disso, joguei em torneios populares
em equipas de rapazes, até aos 13 anos (a idade que era permitida), e depois
disso comecei a ponderar entrar para uma equipa feminina. A ideia surgiu cedo mas
a coragem ainda demorou um tempo!
Com 16 anos entrei para a equipa de futebol
feminino do Centro Desportivo de Vinhós, onde tive a primeira experiência como
federada. Joguei lá durante 5 anos e muito do que sei hoje, devo-o a eles.
Através de um convite que surgiu quando já me encontrava na faculdade, decidi
mudar-me para o futsal. A primeira equipa onde joguei na foi ADERME (1 ano),
seguiu-se a ADC de Gualtar (1 ano), passei 2 anos no SC Maria da Fonte e agora
estou num projeto muito ambicioso na Rede Jovem/Mogege.
Tiveste
oportunidade de praticar Futebol 11 no Centro Desportivo de Vinhós durante
alguns anos e chegaste mesmo a representar a Seleção Nacional sub19. Queres
contar-nos um bocadinho da experiência na modalidade?
Sim. O convite para representar o Centro
Desportivo de Vinhós surgiu muito antes de eu o ter aceite. Por volta dos 14
anos, os responsáveis da equipa foram a minha casa para pedirem autorização à
minha mãe, mas na altura eu recusei. Só passados dois anos decidi aceitar. Adorei a experiência desde o início, e na
segunda época tive a oportunidade de representar a Seleção Nacional de sub-18 e
sub-19, o sonho de qualquer atleta. Na altura, a realidade das seleções era
muito diferente daquela que se vive agora, a aposta era bem menor e hoje em dia
as aspirações são outra realidade. Ainda assim, fomos a primeira equipa a
conseguir o passar ao mini-apuramento para o Europeu, o que me deixa bastante
orgulhosa. Guardo excelentes recordações, tanto dos tempos
de jogadora do Centro Desportivo de Vinhós, como dos tempos que passei na
Seleção Nacional. Ambos me ajudaram a crescer imenso e deram-me alegrias
enormes.
O que
te levou a mudar para o Futsal? Sentiste dificuldades de adaptação na transição
de Futebol 11 para Futsal?
Na altura em que jogava Futebol de 11 a
qualidade do campeonato era muito má, havia poucas equipas, não podíamos
aspirar a muito por falta de apoios e isso tirava toda a motivação que restava
das atletas que jogam por amor à camisola e pelo gosto pelo desporto. Penso que
na altura havia uma falta de respeito enorme pelas atletas e fico muito
contente por ver que hoje não existem esses problemas.
Antes de me mudar para o futsal já jogava a
modalidade na Universidade do Minho e mesmo antes, em torneios com amigos. A
adaptação não foi difícil no que diz respeito a regras e estratégias. A
diferença maior que senti foi a qualidade que existe nas jogadoras, pois no
futebol de 11 é mais fácil encontrar jogadores com menos qualidade técnica (e
com qualidade técnica refiro-me a qualidade de passe, interpretação de lances,
etc….) do que no futsal, que requer mais esse tipo de apetência.
És
uma jogadora com garra e ciente das capacidades que tens e pelas equipas que
passas isso não deixa dúvidas a quem tem o prazer de te ver jogar e treinar. Qual
a posição que ocupas em campo e como te defines enquanto jogadora?
A minha carreira como federada está a chegar aos
10 anos, mas não tive muitos treinadores. No futebol aprendi a crescer como
jogadora, porque foi nessa modalidade que comecei e atingi objetivos
individuais como jogadora, onde sempre tentei dar o meu máximo. Não gosto de
ser líder oficial de uma equipa (capitã) porque penso não ter todas as
características para o fazer, mas tento dar sempre a minha opinião e ensinar o
que sei às jogadoras mais novas.
Pode não parecer, mas sou bastante divertida no
grupo e tento sempre conviver ao máximo nos treinos com todas as atletas e por
vezes até brincamos demasiado, mas de uma forma saudável. Até porque ao final
de um dia de trabalho, ter um treino não implica só aliviar o stress físico e
preparar os jogos, mas também serve para desanuviar e aliviar o stress
psicológico do dia a dia.
Como jogadora mudei muito ao longo dos anos.
Claro que não perdi muitas características pelas quais me conhecem, mas as
atitudes foram mudando. Gosto de dar tudo durante os jogos e espero o mesmo de
quem joga comigo, quando conheço bem o valor das minhas colegas. Penso e jogo
sempre em prol da equipa e talvez por isso me manifeste demasiado nos jogos com
as minhas colegas, e sei que esse é o meu pior defeito. Gosto especialmente dos
grandes jogos, porque é sobre pressão que se aprende mais, pois estamos mais
sujeitos a errar e é assim que se cresce como jogadora. Tenho garra e não tenho
medo de jogo nenhum, mas também sei que preciso de aprender muito se quiser
chegar mais longe.
Sim, este ano mudei de equipa, apesar de
continuar a trabalhar com a mesma equipa técnica e com a maior parte das
jogadoras com que trabalhei no ano passado. Traçamos objetivos de topo, porque
acreditamos que podemos chegar longe, mas ainda estamos no início de um longo
caminho que terá de ser percorrido sem ultrapassar qualquer etapa de construção.
Estamos quase no final do campeonato, que infelizmente não ganhamos, e
conseguimos atingir alguns dos objetivos de construção de equipa e espero que
continue assim para que no próximo ano possamos ter a alegria de ganhar esta
competição.
Quais
os teus objetivos individuais e coletivos?
Os meus objetivos individuais não se separam dos
coletivos, até porque sem alcançar triunfos como equipa é mais difícil
conseguir triunfar individualmente. Espero ser campeã nacional um dia (o mais cedo
possível), participar em grandes torneios que me façam crescer e ajudar quem me
rodeia a crescer e evoluir. Melhorar o mais que possa para chegar o mais longe
possível, e claro que como atletas que adoram o futsal, também estou
disponibilíssima para ajudar Portugal!
Qual
a tua opinião acerca da estrutura do Futsal Feminino na A. F. Braga? Propunhas alguma
mudança?
Sim, sem dúvida. E espero que o façam já no
próximo ano. É necessário ajudar todas as equipas nos pontos
que elas precisam, sem impedir que estas evoluam por falta de competitividade
ou mesmo que não consigam evoluir porque se encontram num patamar acima daquele
que deviam, porque não se podem fazer boas equipas sem passar pelo básico de
formação, é impossível.
Não será só problema na A. F. Braga mas sim de
todas as associações, que talvez devessem lutar mais pelo futsal feminino, mas
há ainda uma discrepância enorme entre equipas nesta associação e isso não
ajuda nem as mais evoluídas nem as menos evoluídas. A ver vamos se no próximo ano as coisas
melhoram.
Neste
momento em Portugal não existe um Campeonato Nacional de Futsal Feminino e
talvez para já não seja o momento adequado para que exista. Concordas?
É uma questão complicada porque um Campeonato
Nacional é sempre um incentivo extra para qualquer atleta, mas para que dê
resultado são necessários apoios (Associações, Federação, Patrocinadores, etc.)
que possam ajudar a suportar esta ideia. Talvez seja cedo demais, mas espero
que num futuro próximo possamos ter essa competição para que o futsal nacional
cresça a nível feminino.
Para que o Futsal Feminino Nacional fosse mais competitivo poderiam existir zonas mais alargadas de competição (Zona Norte, Zona Centro e Zona Sul). Estando ligada a este desporto há alguns anos, qual a tua opinião?
A resposta a esta pergunta é quase homóloga à
anterior, sem o esforço de todos não haverá sucesso nas mudanças das
competições. Nesta altura, a divisão de zonas seria para mim a mais acertada,
para que os clubes que apostam em nós conseguissem subir degrau a degrau sem
que um dia mais tarde haja necessidade de acabar com o que foi construído até
agora. Mas pelo que parece as coisas estão a mudar graças ao esforço das
pessoas que sempre prometeram ajudar o futsal e futebol feminino quando
tivessem a oportunidade.
Atualmente a Seleção Nacional de Futsal Feminino está no ativo após alguns anos
de ausência. Tens ideia se existe ou não observação de todas as equipas, ou se
as equipas técnicas das mesmas são contactadas para ceder informações sobre as
suas atletas?
Não posso responder a essa questão porque não me
cabe a mim falar sobre isso. A equipa técnica é que é responsável por isso e se
forem contactados vão sempre fazer o melhor para nós. Por vezes sabemos que o selecionador está
presente no jogo porque o nosso treinador nos avisa, mas não estou nos outros
jogos para falar se há observação ou não. Acredito que sim, porque há
resultados recentes que comprovam que estão lá as melhores e é nisso que temos
que pensar, que se cada uma der o seu melhor e esse melhor for o suficiente
para poder ajudar a Seleção, terá a sua oportunidade.
Fazendo uma retrospetiva na tua carreira enquanto jogadora, quais foram as maiores
dificuldades com que te deparaste até ao momento?
Falta de apoio de quem de direito… Desde
patrocinadores a dirigentes! Mas deixa-me feliz ver que as coisas estão a
melhorar!
Enquanto jogadora qual o momento mais marcante que guardas na memória e o que te motiva a continuar ligado ao Futsal Feminino?
A primeira vez que vesti a camisola da Seleção
Nacional foi de longe o melhor momento como jogadora de futebol, óbvio.
Para finalizar,
queres deixar algumas palavras aos seguidores do magiadofutsal e praticantes de
Futsal Feminino?
Que continuem a fazer o que
mais gostam com todas as responsabilidades que isso acarreta!Colaboradora: Vera Gonçalves
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